Criada pela Significa, uma agência de design digital sediada no Porto, a Dia é descrita como uma aplicação de saúde criada para empoderar as mulheres com um conhecimento profundo da sua saúde e do seu corpo. Criada para a organização de fertilidade TFP e destinada ao mercado britânico, a app combina as funções de um period tracker convencional com registos de vários aspectos de saúde, hábitos diários, e uma previsão de fertilidade. Para proporcionar uma experiência completa e consistente, a agência propôs-se a criar o que chamou de “experiência de utilizador emocional”.
Esta manifesta-se numa paleta de tons pastel, cantos arredondados, ilustrações irónicas e um tom geral acolhedor, que acompanham várias micro-animações desenvolvidas cuidadosamente para envolver os utilizadores. O trabalho deu frutos: lançada em 2021, a Dia ganhou vários prémios internacionais, como o Red Dot Design Award em 2022, o European Design Award em 2023 e o German Design Award no mesmo ano. A app, no entanto, foi descontinuada. Apresentamos aqui uma versão beta da mesma.
Se por um lado a história do desenvolvimento da Dia nos permite pensar sobre a evolução do data tracking no campo da saúde, e especificamente no campo menosprezado da saúde feminina, por outro também nos convida a pensar nos vários modos em que esta indústria reforça tanto estereótipos de género como a pressão da reprodução. Ao mesmo tempo, permite questionar o que realmente celebra o circuito de prémios de design aos quais a Dia – um produto de acesso limitado e de tão curta vida – concorreu (e ganhou).
Este texto é uma sinopse do artigo publicado na Fazer #2, inicialmente redigida para a exposição Fazer #2.
Este e outros artigos desta edição impressa da revista ficarão disponíveis para leitura e partilha online quando a sua tiragem esgotar.