,

A divisão dos átomos

Num século de crises económicas contínuas a precaridade laboral tem aumentado de forma inexorável e tanto designers como arquitectos não são excepção. Os últimos anos têm sido marcados por uma renovada percepção das práticas de abuso e exploração laboral nas chamadas disciplinas de projecto. Mas também do potencial de organização dos seus profissionais enquanto trabalhadores – não só para buscar reconhecimento social mas também exigir direitos e benefícios.

Esse acordar chega quando tanto profissionais como estudantes são confrontados com as realidades de um mundo do trabalho de uma forma brutal e inesperada. As realidades da prática e os direitos e deveres dos trabalhadores são questões menosprezadas no ensino da arquitectura e do design. Isto acontece porque a tradição modernista destas disciplinas determina uma educação para a criatividade, a excepcionalidade, e a individualidade: gera autores, feitos à imagem do génio criativo e isolado. Embora carismática, essa imagem é drasticamente diferente do papel que a maioria dos estudantes desempenhará uma vez saídos de um curso técnico ou superior.

Este artigo demonstra como esses mitos são destruídos pela realidade laboral contemporânea, refletindo sobre a natureza do trabalho criativo e analisando movimentos de representação profissional e organização laboral na arquitectura e no design. Ao interpelar dirigentes e integrantes de várias organizações – tais como o recém-formado SINTARQ (Sindicato dos Trabalhadores em Arquitectura) – o texto interroga as suas causas, bem como as suas estratégias, em prol de quem trabalha, todos os dias, nas disciplinas criativas em Portugal.

Este texto é uma sinopse do artigo publicado na Fazer #1, inicialmente redigida para a exposição Fazer #1.
Este e outros artigos desta edição impressa da revista ficarão disponíveis para leitura e partilha online quando a sua tiragem esgotar.