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Pára! Não leias isto. Não me ouças.

Com curadoria de Andreia Garcia, assistida por Diogo Aguiar e Ana Neiva, a representação portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza 2023 ensaia um modelo exploratório e especulativo intitulado “Fertile Futures” (Futuros Férteis). A curadoria respondeu ao tema geral da bienal – “O Laboratório do Futuro” – com uma proposta tripartida, combinando investigação multidisciplinar, pedagogia especulativa, e momentos de aprendizagem. O seu tema principal é a água doce, entendido como recurso a gerir e respeitar num momento de crise climática; os seus locais de intervenção são sete “hidrogeografias” espalhadas pelo território de Portugal – continente e ilhas. 

Em Veneza são estes sete contextos que, trabalhados por equipas multidisciplinares – estúdios jovens de arquitectura e especialistas de diversas áreas – compõem a dimensão expositiva do pavilhão. Cada uma das salas da exposição apresenta uma instalação que funciona como intervenção artística, simultaneamente revelando pesquisa e processo projectual.

A cristalização desses processos complexos na lógica expositiva da bienal de arquitectura mais reputada do mundo assume contornos e lógicas que são familiares ao público exclusivo da vernissage deste evento. Este pavilhão é notável por trazer tantas novas vozes da arquitectura nacional a um fórum internacional, bem como pelo seu esforço de descentralização dos territórios representados.

No entanto, a complexidade do projecto e suas múltiplas dimensões – do catálogo em dois volumes ao seminário internacional de Verão realizado no Fundão – são menos visíveis a quem visita uma exposição que tanto gera como mostra conteúdos. Num momento histórico em que a arquitectura quer ter impacto real nas grandes questões do nosso tempo, teremos de mudar códigos e formas de comunicar a complexidade e importância dos seus temas e intervenções? 

Este texto é uma sinopse do artigo publicado na Fazer #1, inicialmente redigida para a exposição Fazer #1.
Este e outros artigos desta edição impressa da revista ficarão disponíveis para leitura e partilha online quando a sua tiragem esgotar.